O joinvilense Francisco Nascimento relata o que sentiu ao chegar em uma escola grande, na década de 1960, e se deparar com muitas crianças descalças.
A foto que abre este post mostra um grupo de crianças de uma escola rural de Joinville sem sapatos. A imagem é do início do século 20 e pertence ao acervo do Arquivo Histórico de Joinville. Mas quem pensa que essa era uma realidade apenas naquela época, está enganado. Até quase o final do século ainda era possível observar crianças descalças indo para a escola – tanto na área urbana, quanto na área rural.
Em suas lembranças de menino, o joinvilense Francisco Nascimento revela como era comum os alunos do Grupo Escolar Conselheiro Mafra, no centro da cidade, irem para a escola descalços, nos anos 60 - e o fascínio que isso exercia sobre ele.
Alheio às questões econômicas e culturais que permeavam o fato, para o menino, aos sete anos de idade, poder andar sem sapatos era, simplesmente, um símbolo de liberdade: “E eu ia, feliz como pinto no lixo, com os dedos dos pés esparramados, me sentindo livre, indomável, invencível”.
Confira o texto:
Crianças descalças, por Francisco Nascimento
“Depois de fazer o Jardim de Infância no colégio Cristo Bom Pastor, ingressei no primeiro ano primário, em 1961, no Grupo Escolar Conselheiro Mafra, aqui em Joinville. Logo no primeiro dia, me chamou a atenção o fato de que algumas crianças estavam descalças. Para o menino que eu era, aquilo me representava um símbolo de ser rústico, bravio e independente. Não fazia ideia de que aquilo podia ser porque aquelas crianças não tinham calçado.
Mas, teimoso que eu era, iniciei uma negociação com minha mãe. Eu queria ir descalço para a escola. Depois de muita discussão, consegui autorização para, uma vez por semana, também ir descalço para a escola.
E eu ia, feliz como pinto no lixo, com os dedos dos pés esparramados, me sentindo livre, indomável, invencível.
Naquela época, as crianças ainda podiam ir descalças para a escola. Era permitido, nos casos de dificuldades econômicas. Santa inocência. Eu não fazia ideia que o mundo era cruel.”
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