Manifestação de apoio a Carlos Gomes, em 1922, em Joinville. Acervo Fátima Hofmann.

Apoio a Carlos Gomes de Oliveira, em 1922

Multidão sai às ruas de Joinville e aclama como heróis o futuro senador e seu primo Plácido Gomes de Oliveira.

Em agosto de 1922, uma multidão se dirigiu ao porto de Joinville para recepcionar duas personalidades que marcariam a história de Joinville no decorrer do século 20: o senador Carlos Gomes de Oliveira e o médico Plácido Gomes de Oliveira. Eles haviam sido presos por motivos políticos, pelas opiniões expressas em um jornal da cidade e depois de um mês foram libertados e recebidos com uma expressiva manifestação de apoio pelas ruas da cidade. O episódio foi decisivo para a trajetória comunitária do jovem advogado Carlos Gomes de Oliveira, que a partir dali começou, definitivamente, a trilhar os caminhos da política.

Nascido em 1894, em Joinville, Carlos Gomes de Oliveira já era advogado formado pela Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, e escrevia e era diretor do “Jornal de Joinville”, um periódico fundado por Eduardo Schwartz e escrito em língua portuguesa.

Em 1922, um texto sobre a “Revolta dos 18 do Forte de Copacabana” acarretou uma reação inesperada: um mês de prisão junto com o cunhado, no Rio de Janeiro. A Revolta do Forte marcou o começo do movimento que ficou conhecido como Tenentismo e que se opunha à política coronelista do período. Carlos Gomes de Oliveira elogiou a bravura dos revoltosos e a oposição não perdoou e o denunciou ao governo. A retaliação veio em forma de um mandato de prisão e no dia dia 31 de julho de 1922 Carlos Gomes de Oliveira e o cunhado e primo Plácido Gomes de Oliveira eram presos e encaminhados a Curitiba. De lá, foram levados para o Rio de Janeiro.

Em relato ao jornal “A Notícia”, em 1981, transcrito no livro “Carlos Gomes de Oliveira – Dossiê dos 100 Anos”, de Apolinário Ternes, o próprio senador narra o que aconteceu naqueles dias:

“Fizemos uma nota exaltando o feito dos 18 de Copacabana e foi a conta. Nos armaram um inquérito, nos acusaram de incitar a subversão. Um belo dia chegou a ordem de prisão contra mim e o Plácido Gomes. Fomos levados para o Rio de Janeiro (…). Nos botaram em uma espécie de camburão, com soldados de armas embaladas. Meu cunhado, que era um homem circunspecto e mais idoso do que eu, ficou com uma fisionomia assoberbada, como quem perguntava: 'onde nos meteram, meu Deus?'. Mas chegamos ao quartel e lá tinha um grupo grande de prisioneiros políticos que nos recebeu com muita festa e aquilo serviu para aliviar a tensão. Fomos transferidos para outro lugar, mas sempre bem tratados. Nisso tudo tivemos uma compensação: quando voltamos a Joinville recebemos uma manifestação que foi talvez a maior daquele tempo. Mas tivemos que parar o jornal”.

Aquele ano foi um divisor de águas na vida do futuro senador. Já casado com a prima Sara, ganhou em dezembro o filho mais velho, Flávio Gomes de Oliveira – o primeiro de seus três filhos. E a manifestação popular de apoio, com uma multidão aclamando-o como um herói pelas ruas da cidade, foi determinante para que enveredasse pelo caminho da política. “Meu pai dizia que só através da política é que a gente consegue fazer algo para um maior número de pessoas”, lembrava o filho Flávio, em 2015, aos 93 anos de idade.

A imagem que ilustra este texto mostra a manifestação de apoio a Carlos Gomes, no Centro de Joinville, em 1922. Acervo Fátima Hofmann.

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