Imigrante chegou em 1877 em Joinville e logo se estabeleceu na sua profissão
Em julho de 1877, Karl Schwarz chegava na Colônia Dona Francisca com a esposa Pauline e o filho Emil, de apenas quatro meses. Alfaiate por formação, decidiu deixar a antiga profissão para trás, pegou a família e embarcou para o Brasil com a perspectiva – e, sobretudo, a esperança - de ter um futuro melhor do que o que vislumbrava na Europa. Veio para ser colono, agricultor, tirar da terra o seu sustento. Mas o destino mudou seus planos. “Procurando acomodação para os primeiros dias, eles foram surpreendidos pelo funeral de um dos alfaiates da colônia. Karl, que embora oficialmente havia feito inscrição para trabalhar na agricultura, mas que, por precaução, havia trazido uma caixa com seus apetrechos, veio a substituir o falecido”, conta o seu bisneto Lauro Schwarz.
A história chegou a nossos dias graças às pesquisas de Lauro. Ele sempre ouvia relatos interessantes sobre o avô Carlos, filho de Karl, e há cerca de 15 anos começou a buscar mais informações sobre a sua família. Buscou dados no Arquivo Histórico de Joinville, mas, principalmente, contou com a ajuda das primas Erica e Ruth Schneider, filhas da tia-avó Paulina Schneider, que eram netas dos imigrantes e chegaram a conviver com Pauline Schwarz.
Lauro revela que os bisavós nasceram em Brand, na baixa Áustria, na divisa com a atual República Tcheca. A cidade ficava próximo da Boemia, um local já naquela época conhecido pela qualidade de seus cristais. Isso, porém, não melhorava a situação econômica da região, toda envolta pela crise que afligia a Europa. Karl nasceu em 1845 e obteve formação como alfaiate. Porém, em meados da década de 1870, já casado com Pauline, dez anos mais nova, sobrevivia com dificuldades. “O jovem casal, resignado, mantinha-se com o minguado salário - menos mal que os dois conseguiram trabalho. Assim dava até para economizar uns trocados”, relata o bisneto.
As economias foram investidas na mudança de vida. A propaganda realizada pela companhia Colonizadora de Hamburgo na Europa para atrair imigrantes para a Colônia Dona Francisca, ao Sul do Brasil, surgiu como uma esperança e o casal decidiu arriscar tudo e partir para a nova terra. “Os sonhos renasciam e foram fortalecendo-se. A gravidez de Pauline moveu Karl a deslocar-se até Hamburg, na Alemanha, para buscar mais detalhes da terra prometida. As economias conseguidas a duras penas serviram para comprar as passagens e as primeiras providências para a longa viagem. Assim, com o pequeno Emil já com três meses, embarcaram no porto de Hamburg no dia 19 de junho de 1877”, explica Lauro, baseando-se nos relatos das primas que conviveram com a avó (bisavó de Lauro). A viagem foi realizada no vapor Valparaíso e em julho de 1877 o casal desembarcava no Brasil.
Com o falecimento do alfaiate, logo Karl estabeleceu-se com a sua profissão original e deu início à nova vida. Moravam na atual rua Dona Francisca, em uma casa na esquina em frente ao antigo fórum. O começo não foi fácil e o filho Emil faleceu ainda bebê e foi sepultado no Cemitério dos Imigrantes. Mas o casal conseguiu prosperar e teve mais quatro filhos: Emma, Theodoro, Carlos (avô de Lauro) e Paulina (mãe de Erica e Ruth Schneider, que ajudaram Lauro a resgatar essa história).
A foto que abre esse texto mostra o casal Pauline e Karl Schwarz. Álbum de família/ Lauro Schwarz.
A foto ao lado é da família completa: Karl, Pauline, Emma, Theodoro, Carlos e Paulina. Álbum de família/ Lauro Schwarz.
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“os sonhos renasciam…” uma vida em busca da realização dos sonhos. E conseguiram. A história de Joinville não se resume a chegada da barca Colon. “Schwarz” é um nome tradicional na nossa cidade.
Fatos e dados do passado provocam o olhar, que mergulha no inconsciente, e sutilmente estimulam o auto-conhecimento.
Fatos e dados do passado provocam o olhar, que mergulha no inconsciente, e sutilmente estimulam o auto-conhecimento.