Nomes de Joinville 1 - Uma parceria com o Jornal do Almoço da NSC TV Joinville

Quem chega em Joinville (SC) se depara com uma sequência de ruas com o sobrenome Colin. A principal delas é a rua Dr. João Colin, antiga Nordstrasse, uma das principais da cidade desde os primeiros tempos da antiga Colônia Dona Francisca. Ela é cortada pela rua Max Colin e Rolf Colin.

Mas afinal, quem eram esses Colin e por que tantas ruas e locais de Joinville levam seus nomes?

A família Colin chegou à Colônia Dona Francisca ainda nos primeiros tempos de colonização. Primeiro veio uma tia, noiva, em 1852. Em seguida veio a bisavó, Katarina Colin, que havia ficado viúva pouco tempo antes, com os outros quatro filhos, o que explica a grande descendência na região.  Entre estes filhos estava o avô de João Colin, Johann Julius Colin.

A princípio, eles moraram em São Francisco do Sul, mas Johann depois seguiu para a Colônia Dona Francisca onde estabeleceu-se como comerciante e casou-se. Sua casa ficava na atual rua 9 de Março, onde hoje fica a Drogaria Catarinense. Ele teve oito filhos – entre eles Max Colin, que era pai de Rolf Colin. E Otto Colin, pai de João Colin.

Os irmãos Max e Otto fundaram várias empresas, entre elas as Indústrias Colin, que englobava a Fiação Joinvilense, que produzia fios de algodão para as indústrias têxteis locais, entre elas a Fabril Lepper.

Max Colin nasceu em 1885 e faleceu em outubro de 1951, o ano do centenário de Joinville. A princípio era telegrafista, funcionário do Telégrafo Nacional, e depois enveredou pela política. Foi prefeito de Joinville entre os anos 1934 e 36 – e depois deputado estadual, de 1947 a 1951.

Outros membros da família Colin também  se destacaram na vida pública.

Depois, de 1951 a 1956, o filho de Max, Rolf Colin, também foi prefeito da cidade. Nascido em 1910 e falecido em 1964, ele era contador de formação e atuava nas várias indústrias da família. Foi vereador, presidente da Câmara de Vereadores e prefeito de Joinville. Ele era pai da dona Lilian Colin, que era casada com Luiz Gomes, o Lula, que também foi prefeito de Joinville mais recentemente, em 1989.

Otto Colin teve dois filhos que se destacaram na política. A filha Inge Colin, falecida em fevereiro de 2022, aos 100 anos de idade, foi a segunda mulher deputada estadual da história de Santa Catarina, um feito ousado  em uma época em que as mulheres eram educadas para casar e se dedicar somente ao lar.

E o filho João Colin, que foi um dos principais líderes políticos da Joinville do século 20 e que empresta seu nome a um dos principais eixos viários de Joinville.

João Colin
João Colin
Max Colin
Max Colin
Rolf Colin assinando posse como prefeito
Rolf Colin assinando posse como prefeito

Sobre João Colin - João Herbert Érico Colin nasceu em 1911, em Joinville e, como boa parte dos descendentes de famílias germânicas, estudou na Deutsche Schule, a antiga escola alemã. Só depois é que foi para Florianópolis, estudar no tradicional Colégio Catarinense – e depois para o Rio de Janeiro, onde formou-se advogado pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. Chegou a exercer a advocacia ao mesmo tempo em que se dedicava aos negócios da família. A partir de 1938, dirigiu várias indústrias em Joinville, as empresas da família, como Indústrias Colin e Cia., Fiação JoinvilenseAmbalitCotonifício e uma indústria de felpudos.

Monumento João Colin
Escultura de Fritz Alt retrata João Colin de mangas arregaçadas

Era conhecido por ser trabalhador e determinado. A sua filha Rose Marie contava que um dia uma jovem viúva de Blumenau chegou em seu escritório nas indústrias Colin em busca de emprego. João Colin na hora pensou: “Vou casar com ela”. E casou mesmo! Paula era neta do naturalista Fritz Müller e trazia o filho Pedro, de 14 anos, do primeiro casamento. João adotou legalmente Pedro como filho – e o jovem também foi deputado estadual e federal por Santa Catarina, anos depois.

Em 1946, após o governo Getúlio Vargas, em um período de redemocratização do País, João Colin fundou a UDN. Aí deslanchou na política. Não só se elegeu sucessivas vezes, para vários cargos, como alavancou a carreira política de muitos aliados, como o próprio primo Rolf Colin, Curt Alvino Monich, Nilson Bender e Helmut Fallgatter, entre outros. Quem tinha seu apoio dificilmente perdia uma eleição.

João Colin foi prefeito de 1947 a 1950  e depois de 1956 a 1957. Nesse meio tempo, enquanto Rolf Colin assumia o Executivo municipal, João foi para a Assembleia Legislativa e assumiu a Secretaria Estadual de Viação, Obras Públicas e Agricultura.

Centenário de Joinville (a partir da esq.): Helmut Fallgatter, prefeito Rolf Colin, Bento Munhoz da Rocha, Irineu Bornhausen, General da 5ª Divisão Militar, senador Carlos Gomes de Oliveira
Centenário de Joinville (a partir da esq.): Helmut Fallgatter, prefeito Rolf Colin, Bento Munhoz da Rocha, Irineu Bornhausen, General da 5ª Divisão Militar, senador Carlos Gomes de Oliveira

Sua presença na Secretaria Estadual de Obras não foi à toa. À frente da Prefeitura de Joinville, ele alavancou a infraestrutura da cidade, promovendo a pavimentação das principais ruas, entre elas a que hoje leva seu nome, a rua 9 de Março, a rua 15 de Novembro, entre outras. “Abriu a cidade”, construindo vias públicas e melhorando o abastecimento de água.     Costumava andar de maneira informal, em “mangas de camisa”, como se dizia, com as mangas arregaçadas – e se misturava aos trabalhadores na lida diária.

A surpresa do embaixador - Há uma história interessante que mostra bem o seu jeito de ser. Uma vez, o embaixador alemão veio a Joinville e queria conversar com o prefeito. Ao chegar às Indústrias Colin, pediu informações a um homem que estava manobrando um trator e foi orientado a seguir para o escritório da direção. Qual não foi a surpresa do embaixador quando, depois de alguns minutos, descobriu que o homem que dirigia o trator era o próprio prefeito.

Essa imagem de homem que arregaça as mangas e vai trabalhar está imortalizada na estátua de João Colin feita por Fritz Alt e que hoje se encontra ao final da rua Dr. João Colin, em uma praça próxima ao Terminal Norte de ônibus urbano coletivo.

João Colin era apaixonado por carrões (sempre pretos e com a placa 33) e pelo Caxias Futebol Clube, um dos antecessores do JEC.

Sua morte prematura, em 1957, aos 46 anos de idade, chocou Santa Catarina. Ele estava internado em um hospital de São Paulo em função de uma pneumonia. Mas anteriormente havia infartado e sofrido com vários problemas de saúde, agravados por uma depressão.

Quando faleceu, o governador de São Paulo, Adhemar de Barros, amigo pessoal de João Colin, mandou interromper o trânsito para a passagem do cortejo com o corpo até o aeroporto. E em Joinville milhares de pessoas passaram pelo velório para se despedir do líder político.

Início da rua João Colin sendo calçada, na década de 1950; na foto de destaque, é a mesma via por volta dos anos 1920 (Fotos: Arquivo Histórico de Joinville)
Início da rua João Colin sendo calçada, na década de 1950; na foto de destaque, é a mesma via por volta dos anos 1920 (Fotos: Arquivo Histórico de Joinville)

Este é o link para acessar o episódio na NSC: https://globoplay.globo.com/v/11434164/?s=0s

Um agradecimento especial aos jornalistas Hilton Maurente e Rafael Custódio, que idealizaram e possibilitaram a realização deste projeto.

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