A entrada na Fabril Lepper por meio de um anúncio de jornal
Há quem pense que José Henrique Carneiro de Loyola é controlador da Cia Fabril Lepper porque sua esposa, Helga, é bisneta do fundador, Hermann August Lepper. Mas a Lepper não foi uma herança – e nem tampouco próspera.
Em 1962, depois de ter decidido voltar para Joinville, Loyola viu um anúncio da empresa no jornal A Notícia, buscando um assistente para o contador-chefe. A exigência era ter experiência no sistema RUFF, de contabilidade eletromecânica, que era avançado e pouco comum na época. Loyola tinha esse conhecimento e se candidatou à vaga. As resistências não foram poucas, já que ele era “meio-parente”, e foram necessários alguns meses até ser aceito no emprego.
Loyola entrou e logo começou a colocar em dia a contabilidade da empresa, que estava com meses de atraso. A questão foi resolvida em pouco tempo e ele passou a se dedicar a outras questões contábeis. Com o falecimento repentino do contador-chefe, porém, assumiu a contabilidade da empresa.
Como contador-chefe, José Henrique Carneiro de Loyola teve acesso, literalmente, às chaves do cofre da empresa e, com isso, a documentos confidenciais. Nesse cofre encontrou um envelope com as ações da sogra – e que nem ela sabia que tinha, pois havia passado vários anos no exterior e se mantinha longe dos negócios da família. Essas ações representavam 21% do capital da empresa e, como procurador de Maria Lepper Fanghaenel, Loyola assumiu o cargo de diretor administrativo da empresa em 1964.
A Lepper, porém, enfrentava grave crise financeira e uma operação obsoleta. Estava na terceira geração da família (aquela, do “neto pobre”, como diria Loyola). Era a hora de tomar outra difícil decisão: sair e buscar um novo caminho ou ficar e tentar reerguer a empresa. Decidiu ficar e trabalhar para recuperar a Lepper. Para isso precisava de autonomia e, gradativamente, foi adquirindo a participação dos outros sócios até conseguir o controle acionário. O resultado começou a aparecer a partir dos anos 70, quando a empresa conseguiu se modernizar e viveu um novo ciclo de crescimento.
Líder empresarial, político e social
Ao longo de décadas, José Henrique Carneiro de Loyola se firmou como líder empresarial e político – e se caracterizou por revitalizar as instituições por onde passou. Em 1989 foi nomeado secretário estadual da Indústria, Comércio e Turismo pelo então governador Pedro Ivo Campos. E foi nessa gestão que foi implantado o Programa de Desenvolvimento Industrial de Santa Catarina (Prodec), que foi um grande alavancador de desenvolvimento em SC, e iniciativas como o “Florir Santa Catarina”. Depois em, 1990, assumiu a presidência da Associação Empresarial de Joinville (ACIJ), e ainda nos anos 90 foi presidente da Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville e presidente do Conselho Empresarial da Sociesc, contribuindo para dar continuidade a estas tradicionais instituições de Joinville.
Casado com dona Helga há exatos 60 anos, com duas filhas, seis netos e oito bisnetos, Henrique de Loyola costuma dizer que “o caixão não tem gavetas” e criou há quase 30 anos a Fundação 12 de Outubro, que tem como foco o atendimento a crianças, adolescentes e idosos. Uma das ações mais visíveis da instituição é a construção do Ventura, um residencial de alto padrão para idosos, no bairro Bucarein, ao lado do Lar Betânia, que também foi viabilizado pela fundação. A inciativa de fazer o Ventura surgiu de uma preocupação da mãe, Regina, que sentia falta de um espaço com aquele perfil para atender os idosos. Tanto o Ventura quanto o Lar Betânia foram construídos com recursos da Fundação 12 de Outubro, que teve como primeiros aportes as remunerações recebidas por Loyola na atividade política, nas funções de secretário estadual da Indústria e Comércio, senador e vice-prefeito. Ambos foram doados para a igreja católica, que é responsável atualmente pela administração.
Foto de José Henrique de Loyola, na Lepper. Crédito: Ricardo Weg
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