Praça da Biblioteca foi inaugurada no final do século 19 para embelezar a cidade
Se alguém perguntar a um jovem morador de Joinville (SC) onde fica o Jardim Velho, é bem possível que ele não saiba responder. Se perguntar pela Praça Lauro Müller, talvez alguns poucos consigam dar a direção. Conhecida como a “Praça da Biblioteca”, o Jardim Lauro Müller foi inaugurado no final do século 19 com uma proposta bem clara: embelezar a cidade – um objetivo que, assim como o nome, precisa ser relembrado.
O destino daquele local sempre foi o uso público. Desde o início da formação de Joinville, o lote em que está situada a biblioteca foi reservado pela Sociedade Colonizadora de Hamburgo e não foi comercializado. A princípio, o objetivo era erguer no local o Marktplatz, o Mercado Público. O local, porém, ficava distante do porto e o mercado foi erguido às margens do rio Cachoeira. Com isso, o terreno passou décadas desocupado e só por volta de 1892 passou a ser usado pelos Bombeiros Voluntários de Joinville como área de treinamento, já que ficava ao lado da primeira sede da corporação, na rua Comandante Eugênio Lepper.
A proximidade com a rua do Corpo de Bombeiros, inclusive, gerou um equívoco histórico. Como esta primeira sede da corporação estava localizada em uma área doada pela viúva Elisa Hasse, nascida Vogelsanger e inicialmente proprietária do quarteirão que ia da rua do Príncipe até a rua 9 de Março (até o atual edifício Freitag) e até a rua Engenheiro Niemeyer, por muito tempo, acreditou-se que ela era dona também da área onde foi construído o Jardim Velho.
Um engano esclarecido com a ajuda das pesquisas do historiador Dilney Cunha nos relatórios da Prefeitura Municipal de Joinville, no final do século 19, preservados no Arquivo Histórico de Joinville. O relatório de 1897 lista os bens do município e coloca entre eles a praça situada na rua 9 de Março, a antiga rua do Porto: “A praça pública, denominada 'do Mercado', situada entre a rua do Porto e rua Ludovico, obtida da Sociedade Colonizadora de Hamburgo por doação – área 6.700 metros quadrados”, consta no texto original.
Para finalmente criar o Jardim Lauro Müller foi fundada em 1896 a Sociedade de Embelezamento de Joinville. Embora os relatórios da prefeitura indicassem que ela tinha o objetivo de atuar também em outros espaços públicos, sua grande missão era mesmo dar forma ao tão esperado jardim público. O que não tardou a acontecer. Em 1898, os voluntários da Sociedade de Embelezamento já prestavam contas à Prefeitura sobre o destino da verba destinada ao trabalho, que incluiu o ajardinamento, a abertura da rua São Francisco (o nome só foi colocado tempos depois) e o cercamento da área. Era o início do Jardim Lauro Müller, o Jardim Velho dos joinvilenses.
A foto que ilustra esse texto mostra o Jardim Velho por volta de 1920. AHJ
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Eu moro aqui em Joinville sc a 40 anos como e bom conhecer a história de Joinville
Muito bom o texto Maria Cristina , talvez devíamos resgatar este jardim e torná-lo um local de lazer , infelizmente hoje ficar na quele local estamos sujeitos a acidentes levando um côco na cabeça , mais encaminhei o texto a Rejane Gambini , talvez possamos melhorar ainda mais este lugar histórico .
Muito obrigada, Alceu. Tenho esperanças de que essa nova gestão recupere um pouco do que foi Joinville.
Jardim Velho, no final dos anos 50 e início dos 60, estudávamos no Bom Jesus, era o lugar onde resolvíamos as diferenças entre os alunos, porque se isso fosse feito no Pátio do Colégio, a Dona Ana, pegava os brigões pela orelha , dava uma bronca daquelas e um gancho. Então, quando alguém falava “hoje tem Jardim Velho, sabíamos que iria ter cenas de pugilato”. Ah! Bons tempos. Depois a Biblioteca que muito usei.
Grata pelo relato, Jaroslau. O Jardim Velho fez parte da vida cotidiana de gerações de joinvilenses.
“Abrir o baú do passado” é rever conceitos culturais de uma sociedade invisível em seu tempo presente.
Ótima pesquisa histórica.
Continuar desvendando atos e fatos do patrimônio cultural vivido remete a descobertas para o presente.
Temos que resgatar este espaço histórico , criando um espaço de jardins . Hoje passear por esta área é perigoso podendo levar um coco na cabeça.