Vocês já ouviram falar do Jabaquara, um cãozinho vira-latas que era a mascote do 13º Batalhão de Caçadores nos anos de 1940? Não? Pois saiba que ele existiu e fez história na cidade.
O Jabaquara, um cachorro preto e branco, de pequeno porte, era o mascote da unidade e participava ativamente das atividades cívicas, como os desfiles de 7 de Setembro, por exemplo.
Ele chegou em 1942, uma época difícil. Foi nesse ano que o Brasil entrou oficialmente na Segunda Guerra Mundial, declarando guerra às nações do Eixo, Alemanha, Itália e Japão. Era preciso defender o extenso litoral brasileiro e, segundo artigo do Tenente Orsi Pimenta, na Revista Vida Nova, de março de 1951, a primeira companhia de fuzileiros do 13º BC foi enviada para São Francisco do Sul para vigiar a orla. Núcleos comandados por sargentos se localizavam em Ubatuba, em Pontal, Enseada, Itapema, entre outras localidades – e a tensão era grande. “Por essa época, eis que surge inesperadamente um nobre e grande amigo. Em Enseada, como nos outros destacamentos, o cheiro da “boia” atrai os pescadores amigos. E os cães também se aproximavam e afeiçoavam-se”, escreveu o tenente. “O pequeno cão chegou aí nesse dia (…) Ainda era novo, de pelo avermelhado, pernas em meio arco, cara curta e o olhar calmo e sereno dos grandes amigos. Foi bem recebido, angariou simpatia geral, comeu e ficou. Foi escondido com medo de que o dono o reclamasse, mas ninguém apareceu...”, complementou.
O tenente conta em seu artigo que o nome foi escolhido pelo sargento Bruno, em homenagem a um pequeno clube de futebol de São Paulo e que o cachorro logo se integrou à vida dos militares. “Depois, passou a fazer a ronda sozinho (…) se deslocava do destacamento de Araquari até o de Enseada (…) De longe era avistado no seu trote curto e inconfundível”. E seguia os soldados nas suas manobras e deslocamentos.
Quando a cia voltou para Joinville, Jabaquara veio junto. Nos desfiles era arrumado com uma túnica verde, com seu nome escrito em tecido branco. E marchava ao lado dos militares, como se fosse um deles.
O Jabaquara virou quase uma lenda na cidade, naqueles anos. Não se sabe exatamente quantos anos ficou por ali, mas em 1955 já não vivia mais.
Obs.: A foto que ilustra este texto mostra um desfile do 13BC, na rua do Príncipe. Ela é ilustrativa. Na revista Vida Nova de março de 1951 consta uma imagem que seria do Jabaquara, mas a qualidade é ruim para reprodução.
Gostou do texto? Caso queira compartilhá-lo, lembre-se sempre de citar a fonte e dar o crédito ao autor: Maria Cristina Dias.
Que beleza de ‘causo’. Pena não poder conversar sobre isto com meus pais, já falecidos. Sou de 46, donde, nascido nos ‘tempos do Jabaquara’… Maravilha.
Grata pelo comentário, Alexandre Oliveira. Convido você a se cadastrar no site par receber os próximos posts em primeira mão, diretamente no seu e-mail.
Parabéns pelas recordações da nossa cidade. Estou fazendo meu cadastro.
Muito obrigada!
Maria Crisitna
Leitura recomendada. Seus textos são maravilhosos.
Muito obrigada, Antonio. Se tiver sugestões de temas, ou qualquer outra, envia para mim. Grande abraço!
Não lembro de ter ouvido falar no Jabaquara… gosto de ler sua histórias.
Abraço fraterno
Olá Marianne. Muito obrigada por acompanhar meu trabalho. A história do Jabaquara foi contada na revista Vida Nova do cinquentenário de Joinville, em 1951. Naquela época ele já não existia.