Torneiro-mecânico Willy Stricker manejando máquina na Metalúrgica Bennack. Acervo Paulo Roberto da Silva

Metalúrgica Bennack formava profissionais qualificados

Durante décadas, a Metalúrgica Bennack foi formadora de mão de obra qualificada tanto para compor os seus quadros, quanto para as indústrias da região. Este é o tema da segunda parte da história da Metalúrgica Bennack. Para ler a primeira parte, que trata da origem da empresa, clique aqui.

A foto que ilustra esta matéria mostra o torneiro-mecânico Willy Stricker na Empresa Metalúrgica Nacional, e pertence ao acervo de Paulo Roberto da Silva.

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Metalúrgica Bennack formava profissionais qualificados

Fundada em 1893 na esquina da rua 7 de Setembro com a rua Itajaí, no centro de Joinville, a pequena ferraria de Otto Bennack foi crescendo aos poucos. Por volta de 1920, já com o nome de Metalúrgica Bennack, ela era a maior fundição de Joinville, seguida pela fundição da Enterlein, Keller & Cia, que no final da década de 1930 iria dar origem à Fundição Tupy.

Naquela época, o ensino técnico profissionalizante era algo inexistente no País e a mão de obra qualificada para essas empresas era formada no dia a dia, na prática – e a Metalúrgica Bennack firmou-se como importante centro de formação de profissionais tanto para compor os seus quadros quanto para a indústria regional.

Como isso ocorria? Nas primeiras décadas do século 20 ainda era comum as famílias encaminharem seus jovens a empresas, como “aprendizes”, para trabalhar e, como o próprio nome indica, aprender um ofício.

Na Metalúrgica Benack trabalhavam famílias inteiras. Pais, tios e primos recomendavam seus parentes a medida em que eles adquiriam determinada idade. Era uma forma de encaminhá-los para o mercado de trabalho.

Em entrevista à jornalista Maria Cristina Dias, em 2012, o farmacêutico Laércio Batista contou que o pai, Guilherme Batista, foi funcionário durante anos na metalúrgica e encaminhou os filhos, um a um, assim que eles completaram 14 anos, a idade mínima exigida pela empresa para começar. Os dois irmãos mais velhos seguiram o caminho do pai e pelo menos um deles, Lauro Batista, cresceu profissionalmente na empresa. Laércio, porém, começou a trabalhar na Farmácia Vieira, na rua do Príncipe, até ter a idade mínima para o emprego – e acabou tomando gosto por uma outra profissão.

Os meninos começavam como “aprendizes”, com um salário pequeno. Aos poucos, aprendiam o trabalho na fundição, na usinagem, modelagem… passavam por todas as áreas da empresa até se formarem mecânicos, fundidores, fresadores – e se estabelecerem em algum setor específico ou rumarem para outras empresas. Ou até abrirem seus próprios estabelecimentos, como ocorreu, por exemplo, com o ferreiro Alwin Stamm, sócio de Friedrich Birckholz na fundação de uma oficina que construía grades de ferro e coches e que várias décadas e mudanças societárias depois, daria origem à Fundição Tupy.

Mas como era comum na época, muitos permaneciam na Metalúrgica Bennack por toda a vida, até a aposentadoria. Um exemplo que ilustra bem essa forma de ingressar no mercado de trabalho e conduzir a vida profissional é a trajetória do torneiro-mecânico Willy Stricker, que teve sua história contada por esta jornalista em reportagem no jornal Notícias do Dia/Joinville, em dezembro de 2013. Ele ingressou na Metalúrgica Bennack em 1925, com cerca de 15 anos. Foi aprendiz, mecânico-fresador e trabalhou por mais de 40 anos no local, chegando à chefia do setor.

Em sua carteira profissional ainda hoje podem ser observados os registros das diversas mudanças de razão-social ocorridas ao longo dos anos. Em 1949 e 50, as anotações de férias e pagamento do imposto sindical ainda levavam o carimbo da Empresa Metalúrgica Nacional. Mas em 1951, os mesmos registros já são realizados pela Usina Metalúrgica Joinville Ltda.

Além de Willy Stricker, dois de seus irmãos também trabalharam na metalúrgica: Erwin Stricker, na expedição, e Harry Stricker, no setor de fundição. Posteriormente, Willy encaminhou o próprio filho, Nelson Stricker para a empresa. Nascido em 1938, Nelson era torneiro-mecânico e ingressou na empresa com 15 anos, já na década de 1950. Ele já fazia parte de uma geração que estudou no Senai, que havia sido criado em 1942, no governo de Getúlio Vargas, pelo Decreto-Lei 4.048, como uma primeira iniciativa para formar mão de obra qualificada para a indústria brasileira.

Willy Stricker tinha orgulho de trabalhar na empresa, como relata a sua filha Miriam Stricker da Silva: “Quando vínhamos ao centro, muitas vezes minha mãe e eu esperávamos por ele na porta da empresa e às vezes ele nos levava lá dentro para ver as máquinas novas”, lembra, revelando que o pai faleceu na própria empresa, em 1968, aos 58 anos. “Abriu a porta do escritório e caiu na sala dele. Tinha enfartado”.

Assim como Willy, o pai da Carlos Maehl, pai da enfermeira Marianne Maehl, também começou na empresa muito jovem, como aprendiz de ferreiro. Aos poucos foi se desenvolvendo na empresa, passando a técnico em Mecânica e mestre em Calderaria. Quando faleceu, em 1971, Carlos Maehl era diretor Industrial da empresa.

Parte dessa matéria foi publicada originalmente no jornal Notícias do Dia/Joinville em dezembro de 2013 pela jornalista Maria Cristina Dias. O texto original foi reescrito em sua maior parte e complementado com novas informações.

Gostou do texto? Caso queira compartilhá-lo, lembre-se sempre de citar a fonte e dar o crédito ao autor: Maria Cristina Dias.

 

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