O Arquivo Histórico de Joinville é o local que guarda documentos e fotos da história de Joinville. Uma preciosa fonte de informações para quem deseja saber um pouco mais sobre o começo da cidade, sua formação, suas características. Apesar disso, ainda tem muita gente em Joinville que não o conhece. Ele foi criado oficialmente em 1972 e a princípio funcionou em um auditório anexo à Biblioteca Municipal Rolf Colin, na praça Lauro Müller, entre as ruas 9 de Março e Engenheiro Niemeyer. Em 1986, ganhou um prédio especialmente construído para abrigar seu rico acervo.
Para marcar os 30 anos de inauguração, a equipe do AHJ pesquisou e produziu a exposição “Trintanos”, que começou em julho e permanece aberta à visitação por pelo menos mais um mês. Na exposição é possível acompanhar, por meio dos jornais da época, os acontecimentos que marcaram a construção do prédio. As reportagens pesquisadas pela equipe do AHJ mostram as idas e vindas da construção, os debates na sociedade e o projeto com a fachada do novo prédio, e com base nelas, foi possível elaborar o texto abaixo, com um pouco dessa história
O AHJ está aberto de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h (exceto feriados e pontos facultativos), sem fechar para almoço. Fica na avenida Herman August Lepper, 650, no Saguaçu, e os canais de comunicação são o fone (47) 3422-2154 ou e-mail arquivohistorico@joinville.sc.gov.br . (Texto revisado em 2023).
O início do AHJ
Em março de 1972 foi criado oficialmente o Arquivo Histórico de Joinville. Ele nasceu a partir da lei 1.182/72 e tinha o objetivo de “recolher, registrar, guardar, classificar, catalogar e conservar as fontes históricas de Joinville”. Por fontes históricas entendia-se documentos, imagens e publicações que contivessem informações sobre a cidade (antes e depois de sua fundação) e que ajudassem a contar e compreender a sua história. Mais que isso: deveria difundir esse conhecimento.
O memorialista Adolfo Bernardo Schneider, primeiro diretor do Arquivo Histórico de Joinville e um dos grandes responsáveis pela sua criação, explicou ao jornalista Apolinário Ternes, em entrevista publicada em A Notícia em 1972: “Estamos procurando juntar, para conservar, por tempo ilimitado, toda a nossa imprensa. Procuramos juntar também fotografias e quaisquer outros documentos de nossa História. Pretendemos, inclusive, formar pastas individuais, um serviço, aliás, já iniciado, juntando elementos para se escrever as biografias de todas as personalidades do nosso mundo político, administrativo, econômico e cultural.”
AHJ levou 14 anos para ter uma sede própria
Com cerca de 100 metros quadrados, o espaço anexo à biblioteca pública era limitado e sem condições adequadas para acomodar o acervo do Arquivo Histórico de Joinville – que incluía documentação com mais de um século. Logo constatou-se a necessidade de o AHJ ter um espaço próprio, com condições adequadas para a conservação desse material. E começaram as discussões pela imprensa sobre se deveria ser erguida uma nova sede ou aproveitar um prédio já existente. Uma polêmica que durou alguns anos.
Em setembro de 1976, uma matéria sem assinatura no jornal A Notícia, com o título de “Casa ao Arquivo Histórico de Municipal”, mencionava a possibilidade de AHJ se mudar para a antiga sede do Clube Joinville, na rua do Príncipe. A ideia era fazer uma permuta com o proprietário do imóvel e, assim, não gastar dinheiro público com a construção de um novo prédio. “Onerar a municipalidade com a edificação de um novo prédio ou mesmo a aquisição de um imóvel, convenhamos, seria medida que forçosamente teria que se condicionar às possibilidades financeiras do Executivo”, escreveu o redator de AN. A ideia, porém, não foi para a frente.
No ano seguinte, no mesmo jornal A Notícia, a necessidade de ter uma espaço mais amplo e adequado para o material era destacado na matéria “Arquivo Histórico luta com a falta de espaço”, de outubro de 1977. A situação se agravou com o passar dos anos, a medida em que o AHJ recebia mais documentos. Em 1981, o AN informava que o Arquivo só contava com dois funcionários e a memorialista Elly Herkenhoff para atender o público. As condições de armazenamento eram precárias e a umidade e os cupins ameaçavam o precioso acervo.
A matéria de uma página inteira trazia a informação de que havia um projeto de construção de uma nova sede para o Arquivo, porém ele estaria “engavetado”. Faltavam recursos para o projeto concebido pelo engenheiro Helmuth Keller, em estilo moderno, que previa uma construção de 1.373 metros quadrados, climatizada para proporcionar condições adequadas à conservação dos documentos. Na época, o valor estimado era de 21 milhões de cruzeiros. Com um selo de “Projeto Memória” o AN acompanhou o caso, registrando a polêmica.
A reportagem repercutiu na cidade e na mesma semana a Câmara de Vereadores, por meio do então presidente Marco Antonio Peixer, cobrava providências. Adolfo Bernardo Schneider também reagiu indignado: “Durante o governo de Harald Karmann foi construído o Museu do Sambaqui e a Casa da Cultura. Foi criado o Arquivo Histórico de Joinville e comprado o prédio onde está instalado o Museu Fritz Alt. Na época, eles também não tinham dinheiro, como alega hoje a Prefeitura, e nenhuma dívida foi deixada para o governo posterior. A explicação é simples: eles estavam interessados em preservar o nosso patrimônio cultural, o que temos de mais importante”, disse Schneider, que defendia uma campanha para arrecadar dinheiro para a obra – uma ideia que foi apoiada pelo então prefeito Luiz Henrique da Silveira e também era defendida pela ex-secretária de cultura, Iraci Schmidlin.
Em função das discussões e para agilizar uma solução para a questão da nova sede do Arquivo, foi reativado o Conselho Municipal de Cultura (que havia sido criado em 1968). Segundo o jornal, a proposta era fazer uma campanha para arrecadar recursos para erguer o novo prédio. Luiz Henrique, porém, afirmava em outra reportagem, em agosto de 1981, que essa obra ficaria para o seu sucessor, ou seja, não sairia antes de 1983.
As discussões prosseguiram com o envolvimento da Câmara de Vereadores, do Clube de Cinema (que tinha como presidente o jornalista Luís Meneghim, de AN), historiadores, artistas, entre muitos outros, em uma comissão para discutir o assunto. Era claro que o “Aquivo não pode continuar com está”, conforme escrevia AN, em legenda mostrando uma variedade de documentos empilhados.
Entre idas e vindas, o projeto do novo AHJ foi concluído e viabilizado e a construção finalmente começou em julho de 1985, no governo Wittch Freitag. A Prefeitura de Joinville investiu 990 milhões de cruzeiros e o governo alemão, 100 mil marcos (cerca de 210 milhões de cruzeiros, na época). O projeto da obra ficou a cargo da Secretaria de Planejamento. A previsão era de que o novo prédio fosse inaugurado no dia 9 de Março de 1986, junto com as comemorações do aniversário de Joinville, mas em abril de 1986 o jornal Extra informava que os documentos do AHJ começavam a ser transferidos do anexo da Biblioteca Pública para a nova sede. A inauguração ocorreu em 18 de julho de 1986, com a presença do então ministro da Cultura, Celso Furtado.
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